terça-feira, 14 de agosto de 2007

Laços com a história

SANTOS,SURF E CAFÉ

Os pioneiros da década de 30 eram ligados à mais antiga associação de classe do Estado

Fotos por Leonardo Correa e Herbert Passos Neto

Jair, Pardhal, José Moreira e Herbert na sala da presidência

Com objetivo de estreitar laços entre as entidades, representantes da Associação Santos de Surf visitaram a sede da tradicional Associação Comercial de Santos, nesta última sexta-feira (03/08), acompanhados do fotógrafo e poeta Jair Bortoleto.

Com 137 anos de idade, a Associação Comercial é a mais antiga entidade de classe do Estado de São Paulo e uma das mais antigas do País, precedida apenas pelas associações de Salvador, Rio de Janeiro e Maranhão.

Declarada de utilidade pública, Órgão Consultivo do Governo Federal e instituição representativa dos interesses gerais da praça de comércio de Santos, a ACS é Posto de Informações do BNDES, Balcão de Atendimento do Sebrae e continua a se modernizar, sempre respeitando a tradição da entidade.

Conhecida como a Casa do Empresário, tem como missão desenvolver negócios e encontrar soluções uniformes e sustentadas para os problemas empresariais da região desde 1870, quando foi fundada. Sua influência é tão forte que sua história se mistura à própria história da cidade, inclusive com a chegada do surf nas ondas santistas.

As famílias dos pioneiros Osmar Gonçalves, Juá Hafers, Margot e Thomas Ritscher, eram todas ligadas à ACS. Foi o trabalho com exportação de café e o conseqüente domínio de outras línguas que possibilitou o acesso à publicação estrangeira de onde tiraram o projeto das pranchas, a revista Popular Mechanics.

Único dos pioneiros homens entre nós, aos 90 anos de idade Thomas Ritscher é associado atuante na entidade até hoje. “Ele não falta, está presente em nas eleições”, afirma José Moreira da Silva, presidente da ACS há 15 anos e testemunha ocular da participação do pioneiro do surf, que se destacava ainda em outras modalidades aquáticas.

Durante a visita, Moreira recebeu uma camiseta do Natural Art Pro/Am 2007, o circuito de surf oficial da cidade, e um exemplar do Livro Alma Santista, de autoria de Jair Bortoleto, que retrata ícones do surf e da cultura de praia santista, como o próprio Thomas Ritscher e sua irmã Margot, e irmãos Wolthers, da Viking Surfboards, também associados da entidade.

Encantado com a hospitalidade, Bortoleto escreveu na contra-capa: “Ao Sr. José Moreira da Silva, presidente desta centenária casa que é a Associação Comercial de Santos, entidade que tantos capítulos de nossa história já escreveu, ofereço este humilde exemplar de uma pequena linha da página do surf”.

“Este vai para a biblioteca da presidência”, exclamou Moreira, feliz com o presente que tem ainda outra curiosa ligação com a entidade: o local onde foi lançado, a Pinacoteca Benedito Calixto, último remanescente dos antigos palacetes da orla da praia, leva o nome do famoso pintor santista que teve seus estudos patrocinados pelo primeiro presidente da ASC, Visconde de Vergueiro.

Descontraído e bem humorado, Moreira é santista autêntico. Apresentou a casa desde o salão principal, palco de importantes momentos, passando pela sala de classificação, até os pés de café que plantou atrás da sede, na Praça Azevedo Junior, ponto passagem do Bonde Turístico que leva os visitantes pelo Centro Histórico de Santos.

“Uma verdadeira aula sobre o café, sua importância ao país e o efeito da união entre os empresários de um mesmo setor”, declarou Diniz Iozzi, diretor presidente da Santos Surf. Para ele, a Associação Comercial de Santos é mais do que um bom exemplo. “É uma fonte de inspiração que reforça o orgulho de ser santista”, acrescentou o dirigente da entidade que representa os surfistas de Santos desde março de 2005.

Na segunda metade do Século XIX, quando o café encontrou na região Sudeste a feliz união entre terra fértil, clima ameno e proximidade de um centro exportador, Santos, foi a Associação Comercial que organizou a praça de comércio, facilitando a implementação das melhorias que abriram caminho para o desenvolvimento da atividade.

Desta época em diante, o crescimento vertiginoso das exportações teve influência fundamental em toda a vida econômica e social do país durante décadas. Principalmente no Estado de São Paulo, que graças ao ciclo econômico do café formou aproximadamente 90% de suas cidades.

“O surf ainda não é tão relevante na nossa economia quanto era e ainda é o café, mas o povo santista tem olhos para o futuro. Se unirmos os poderes públicos e os empresários de nossa cidade, podemos implantar fundos artificiais e ter as mais perfeitas ondas do país, atraindo eventos que causariam uma verdadeira revolução no turismo e comércio da região” conjectura Iozzi.



Fontes:

Site Viva Santos> Memória> O café (
http://www.vivasantos.com.br/02/02a.htm)
Jornal eletrônico Novo Milênio> Histórias e Lendas de Santos (
http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0315.htm)
Associação Comercial de Santos (
http://www.acs.org.br/artigo.asp?volta=NAO&artigo=8)




Moreira apresenta a sala de classificação aos surfistas: uma aula sobre café

Os pés de café da Pça. Azevedo Junior foram plantados pelo próprio Moreira e hoje são atração turísticano caminho do bonde que faz o trajeto do Centro Histórico


Um comentário:

Fábio Burns disse...

Excelente matéria, parabéns!